‘GTA brasileiro não vai acontecer’, diz presidente da ACJogos-RJ

Para Márcio Filho, Brasil precisa criar identidade própria nos games. Painel durante a Gamecon Acre 2024 debateu associativismo no setor

Por Maria Fernanda Arival, da Agência Collab na Gamecon Acre

Não existe futuro para o mercado brasileiro de jogos eletrônicos sem união. Nesse contexto, a reunião em associações ou entidades setoriais pode ser de grande valia para que descubramos a próxima Marta ou Pelé dos videogames – e para que paremos de perseguir ideais impossíveis, como um próximo “GTA brasileiro”.

É a opinião de Marcio Filho, presidente da Associação de Criadores de Jogos do Rio de Janeiro, a ACJogos-RJ. Ele participou do painel “Marco Legal é associativismo: fortalecendo o setor de games com inclusão regional”, parte da programação do primeiro dia da Gamecon Acre, que começou nesta quinta-feira (31) em Rio Branco, capital do Acre.

“Aqui pode estar o novo Pelé ou a nova Marta dos games. Eu acho que temos que aprimorar, mas precisamos de um entendimento que os trabalhos nos territórios vão levar a uma melhoria natural”, disse, ressaltando o papel da identidade brasileira na produção regional de games.

“No mundo atual, em 2024, é impossível que sua ideia brilhante não tenha sido feita de alguma maneira por alguém. Desculpa! Mas o GTA brasileiro não vai acontecer. Talvez fazer qualquer GTA no Brasil não seja necessariamente fazer o GTA brasileiro, mas a necessidade de se unir e fazer as coisas a partir da sua vivência.”

Para Márcio Filho, é impossível produzir um jogo sem o associativismo. E disse que é impossível ser criativo fazendo o mesmo que sempre se fez, ou sem arriscar fazer coisas novas. “Criatividade advém de criar atividade, conversar e trocar ideias com outras pessoas. No fazer da cultura, a gente pode interpretar e viver de maneira múltipla, nesse sentido é impossível construir games bons sem conviver com as pessoas”, ponderou.

O presidente da ACJogos-RJ também ressaltou que o Marco Legal dos Games é uma forma de autorizar o setor público a usar os jogos eletrônicos em áreas diversas como cultura, esporte e educação, o que oferece inúmeras oportunidades.

Papel do Marco Legal

No painel apresentado pela influencer Barbara Gutierrez, a diretora de relações internacionais e governamentais de Abragames, Raquel Gontijo, ressaltou o papel do Marco Legal dos Games no fomento dessa identidade nacional para o mercado brasileiro. “Quando vocês nascem, uma das primeiras coisas que se faz após sair da maternidade é ir ao cartório e assinar um documento chamado Certidão de Nascimento. O Marco Legal dos Games é basicamente uma carteira identidade do setor que desenvolve videogame”, explicou.

O Marco Legal define o que é um jogo e quem os produz. Segundo Gontijo, a lei auxilia o acesso às coisas necessárias para fazer um jogo. “O Marco Legal ajuda o Governo a entender o que é o setor de jogos para depois fazer políticas públicas para ele”, ressaltou.

Durante o painel, os convidados também falaram sobre a descentralização dos jogos para outras regiões. “Se não tiver pessoas aqui do Acre, por exemplo, falando sobre sua realidade, é uma perda para nós”, disse a diretora da Abragames.

Jorge Freitas, gestor de projetos de ecossistemas de inovação do Sebrae Acre, também ressaltou que, além do desenvolvimento de jogos, há outras legislações que apoiam o setor: “O Marco Legal de Inovação trouxe oportunidades para termos recursos, visibilidade e tentar desenvolver pessoas que estão com ideias na cabeça para transformar em negócios. Hoje, o Acre tem mais de 220 startups”.